quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Versos Íntimos

''Vês! Ninguém assistiu ao formidável 

Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão - esta pantera -
Foi tua companheira inseparável!
Acostuma-te à lama que te espera!
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.
Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.
Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!'' 
Versos Íntimos.

Augusto dos Anjos, poeta brasileiro do século XX. 


Hoje a postagem é em homenagem à uma grande mente, incompreendida em seu tempo como costuma ser. Só consagrou-nos com uma única obra poética chamando-a de ''Eu'', muito sedutora sua leitura e bem o jeitão egoísta do homem se portar consigo mesmo com suas críticas sociais e pessoais, principalmente de si mesmo. 
Para quem não o conhecia, vale a pena a leitura. 

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